quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A "culpa" é "nossa"

Nós latinos americanos descendentes das tribos nativas com certeza somos os culpados pelo atual cenário socio-político em que se encontra tanto o Brasil quanto a América Latina.
Somos nós os responsáveis por não termos rechaçado logo de primeira qualquer tentativa de diálogo com os povos europeus.
Somos culpados de tentarmos negociar com esses povos extrativistas e escravocratas.
Somos culpados de termos criado uma civilização nova com o cruzamento das raças, civilização esta cujo idioma oficial era uma variação do Tupi até pelo menos metade do século 18.
Somos culpados por permitirmos que leis oriundas da Europa nos governasse pelos tempos da colônia.
Somos culpados por termos permitido que se fizesse no Brasil um império.
Somos culpados por permitir que pessoas que não eram de nosso território se apossasse de léguas e léguas de terras de nossos ancestrais.
Somos culpados por mesmo depois de consolidada a República termos deixado tantas pessoas com privilégios ainda dos tempos coloniais.
Somos culpados por respeitarmos as leis feitas pela nova "elite" deste antigo território.
Somos culpados por gostarmos de sermos livres, simples, e de grande apego com a natureza.
Somos culpados por permitirmos que viessem novas levas de estrangeiros enquanto os antigos habitantes eram expulsos de suas terras.
Somos culpado por acreditarmos na paz e na boa ação vinda dos poderosos.
Somos culpados pela nossa própria ingenuidade.
Somos culpados por termos vivido e sobrevivido.
Somos culpados por sorrirmos.
Somos culpados por termos tesão.
Somos culpados por sermos atraentes.
Somos culpados pelos estrangeiros que vieram pra cá não terem chacinado o povo nativo a exemplo do que fizeram os invasores na América do norte.
Somos culpado por termos miscigenado nosso sangue para criar um novo povo planetário.
Somos culpados por aceitarmos que os partidos políticos governem a nação, ao invés do povo.
Somos culpados por permitirmos que a privatização explore o Brasil, ao invés do equilíbrio ambiental e financeiro a favor do povo.
Somos culpados por queremos um carro novo a cada 4 anos. Por queremos uma TV nova, porque é LCD. Por querermos consumir futilidades enquanto nos roubam oportunidades e minerais.
Somos culpados por nos sujeitarmos a esta constituição que só beneficia os ricos.
Somos culpados de permitir que esta nova nação tivesse concentrado seus recursos e educação na região Sul e Sudeste em detrimento das demais.
Somos culpados por permitir que os militares tomassem o controle do país em momentos "chaves" da história.
Somos os culpados pela TV e demais mídias brasileiras manipularem a informação a favor de uma elite parasita.
Somos culpados por permitir que o dinheiro público financie quase todos os empreendimentos particulares do país, inclusive as próprias privatizações das estatais.
Somos culpados pos achar normal que emissoras como a Globo não cumpra seus deveres de educadora, ou que não pague seus impostos.
Somos culpados por não termos como controlar as urnas eletrônicas.
Somos culpados por pagarmos todos os nossos impostos.
Somos culpados por permitir que candidatos sejam eleitos utilizando o excesso de votos de um outro.
Em suma, nós descendentes dos povos tradicionais da América e do Brasil somos os culpados por permitirmos o direito à propriedade privada. Pois por trás de qualquer propriedade particular tem a marca do sangue dos nossos ancestrais.
Somos culpados por aceitarmos a polícia como mantenedora da paz social, enquanto nós cidadãos civis temos que andar desarmados.
Somos culpados por aceitarmos a injustiça em nossas terras.
Somos culpados por termos RG, CPF, Título de Eleitor e etc.
Somos culpados por usarmos a tecnologia.
Somos simplesmente culpados...

E aí? É isso que o discurso anti-índios quer ouvir de nós nativos americanos? Estamos vivos, e somos o Brasil. Somos muito mais do que nos ousam julgar. Somos a força e a história deste continente, e não precisamos nos envergonhar por sermos humildes e alegres. Nossa alegria só é violada quando nos tiram o direito à dignidade, e hoje companheir@s, ainda hoje, muitos dos que moram no Brasil querem nos tirar isso. Os discursos são variados, mas a finalidade é a mesma, lucro para os mais ricos e estrangeiros, e opressão para os humildes e nativos. Qualquer um que tenha um nome quase impronunciável tem mais direitos do que um brasileiro "mestiço". Nossa sociedade ainda é racista e preconceituosa, principalmente por parte dos segmentos de nomes "trava-lingua", no discurso destes o nativo mais antigo é culpado por não ter enriquecido, não percebendo eles que o maior valor da vida está em viver dignamente, e não enriquecer. Ter amigos e não concorrentes, ser saudável e não guloso.
Pois é, somos filhos de Deus acostumados à liberdade, sem rotinas, sem patrões, sem desigualdades... há quem diga que isso é utopia ou passado, mas dizem isso porque não conhecem o Povo Brasileiro, não conhecem as nossas histórias, nossas lendas, nossas alegrias. Não conhecem nossas "culpas".

Élder Vieira
Jornalista

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Pimenta no olho dos outros é refreco

Tava conversando com alguns internautas sobre política e soberania nacional, mas basta algumas opiniões discordantes e pronto, o bom senso foi para as cucuias e sobrou a gritaria e a porrada. De que serve tachações enquanto se direciona a outrem? De que vale para o bom entendimento da liberdade e da democracia defender a guerra? Em que mundos estamos em que a dor do próximo não vale nada desde que o lucro pessoal esteja baseado no sofrimento alheio? Que mundo é esse que não respeita a palavra de amor de Jesus Cristo, e considera a violência e a covardia como uma prática louvável? Esse mundo companheir@s, com certeza é o mundo do “cão”, pois só mesmo Lúcifer para tornar tantos corações de pessoas inteligentes assim tão frios, vis e covardes.
Para começo de entendimento sou brasileiro, descendente dos nativos deste imenso território a que chamamos Brasil. Para os novos brasileiros, aqueles que chegaram com as novas levas de imigração do século 19 e século 20, vos digo que somos bastante antigos neste território, mais antigos do que lhes permitem vossa genealogia, e caso vocês não saibam, nosso país foi formado em grande parte pela miscigenação do gene europeu com o do indígena americano, e depois com o acréscimo do gene africano, mas a maioria da população nativa do Brasil é descendente de alguma tribo indígena. No meu caso, Eu Sou Tupi-Guarani.
Aqui vejo palavras e não pessoas, mas me preocupo com as pessoas que podem estar por trás destas palavras, ao visto muitos sequer se consideram americanos e brasileiros, são somente anti-povo e pronto, o restante é que se dane, e bota a ignorância na frente, grita mais alto e sai de baixo que o diálogo é coisa de índio, e quem tem “educação” toma tudo na força mesmo, po**a de ONU, o que vale é o tamanho do meu muc.
Mas, como diria um poeta: “Fazer o que cidadão?”. Pois é, fazer o quê se a safra de cabeças “pensantes” são amantes da destruição em massa, talvez influenciado pelos filmes da noite passada, talvez apenas por conveniência para seus “negócios” que envolvem a exploração do povo.
Nenhum governo é bom e “justo” para todos, vale lembrar que quem matou Jesus foram os “intelectuais e poderosos”, uma vez que quem aceitou Jesus eram pessoas simples, pescadores, prostitutas, ladrões, e outros pecadores iguais a mim. Com que Direito Moralez estatizou as refinarias da Petrobrás? Muitos perguntaram, a qual respondi, com o Direito da Soberania Nacional boliviana, e com o mesmo Direito que o Presidente Lula deveria também estatizar e reestatizar empresas que exploram o território brasileiro. Porque uma empresa estrangeira pode explorar o ouro brasileiro e Eu que Sou brasileiro não tenho ouro em casa? Porque meu adereço é de hippie de estrada enquanto a nação é rica em esmeraldas, diamantes, ouro e prata? Porque o governo é omisso a tudo isso? Se temos a Petrobrás que é líder em tecnologia de perfuração o que é que os estrangeiros fazem explorando nosso território? Se o Brasil é a pátria de grandes gênios inventores da humanidade porque ficar comprando tecnologias ao invés de desenvolvermos a nossa? Porque o povo paga água, luz, telefone, se todos esses serviços são produzidos a partir de riquezas naturais nossas? Querem cobrar dinheiro de alguém? Cobra das grandes empresas, são eles que tem, e muito, para poderem pagar.
E sim, devemos ouvir o lado do “tio Sam” a respeito da possível arma de criar terremotos, mas sejam sinceros consigo mesmo, alguém em sã consciência espera que o titio do norte confesse algum crime? Se até hoje a segunda guerra mundial é motivo para “revelações” e mais muitos filmes, imagine só um fato tão à flor da pele.
Quanto aos amantes da luta armada e da “invasão ianque”, sugeri que se alistem no exército e vão lutar no oriente médio, quem sabe vendo a miséria de perto se comova com os horrores da guerra, pois é muito fácil ficar sentado por detrás da TV e do PC incentivando a morte de milhares de jovens no front de batalha, afinal, pimenta só é refresco no olho dos outros.

Élder
Jornalista

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

“Os pecados do Haiti” Por Eduardo Galeano (*)

“Os pecados do Haiti”

Por Eduardo Galeano (*)

A democracia haitiana nasceu há um instante. No seu breve tempo de vida, esta criatura faminta e doentia não recebeu senão bofetadas. Era uma recém-nascida, nos dias de festa de 1991, quando foi assassinada pela quartelada do general Raoul Cedras. Três anos mais tarde, ressuscitou. Depois de haver posto e retirado tantos ditadores militares, os Estados Unidos retiraram e puseram o presidente Jean-Bertrand Aristide, que havia sido o primeiro governante eleito por voto popular em toda a história do Haiti e que tivera a louca ideia de querer um país menos injusto.

O voto e o veto

Para apagar as pegadas da participação estado-unidense na ditadura sangrenta do general Cedras, os fuzileiros navais levaram 160 mil páginas dos arquivos secretos. Aristide regressou acorrentado. Deram-lhe permissão para recuperar o governo, mas proibiram-lhe o poder. O seu sucessor, René Préval, obteve quase 90 por cento dos votos, mas mais poder do que Préval tem qualquer chefete de quarta categoria do Fundo Monetário ou do Banco Mundial, ainda que o povo haitiano não o tenha eleito nem sequer com um voto.

Mais do que o voto, pode o veto. Veto às reformas: cada vez que Préval, ou algum dos seus ministros, pede créditos internacionais para dar pão aos famintos, letras aos analfabetos ou terra aos camponeses, não recebe resposta, ou respondem ordenando-lhe:
– Recite a lição. E como o governo haitiano não acaba de aprender que é preciso desmantelar os poucos serviços públicos que restam, últimos pobres amparos para um dos povos mais desamparados do mundo, os professores dão o exame por perdido.

O álibi demográfico

Em fins do ano passado, quatro deputados alemães visitaram o Haiti. Mal chegaram, a miséria do povo feriu-lhes os olhos. Então o embaixador da Alemanha explicou-lhe, em Port-au-Prince, qual é o problema:
– Este é um país superpovoado, disse ele. A mulher haitiana sempre quer e o homem haitiano sempre pode.
E riu. Os deputados calaram-se. Nessa noite, um deles, Winfried Wolf, consultou os números. E comprovou que o Haiti é, com El Salvador, o país mais superpovoado das Américas, mas está tão superpovoado quanto a Alemanha: tem quase a mesma quantidade de habitantes por quilômetro quadrado.
Durante os seus dias no Haiti, o deputado Wolf não só foi golpeado pela miséria como também foi deslumbrado pela capacidade de beleza dos pintores populares. E chegou à conclusão de que o Haiti está superpovoado... de artistas.
Na realidade, o álibi demográfico é mais ou menos recente. Até há alguns anos, as potências ocidentais falavam mais claro.

A tradição racista

Os Estados Unidos invadiram o Haiti em 1915 e governaram o país até 1934. Retiraram-se quando conseguiram os seus dois objetivos: cobrar as dívidas do City Bank e abolir o artigo constitucional que proibia vender plantações aos estrangeiros. Então Robert Lansing, secretário de Estado, justificou a longa e feroz ocupação militar explicando que a raça negra é incapaz de governar-se a si própria, que tem "uma tendência inerente à vida selvagem e uma incapacidade física de civilização". Um dos responsáveis da invasão, William Philips, havia incubado tempos antes a ideia sagaz: "Este é um povo inferior, incapaz de conservar a civilização que haviam deixado os franceses".
O Haiti fora a pérola da coroa, a colónia mais rica da França: uma grande plantação de açúcar, com mão-de-obra escrava. No Espírito das Leis, Montesquieu havia explicado sem papas na língua: "O açúcar seria demasiado caro se os escravos não trabalhassem na sua produção. Os referidos escravos são negros desde os pés até à cabeça e têm o nariz tão achatado que é quase impossível deles ter pena. Torna-se impensável que Deus, que é um ser muito sábio, tenha posto uma alma, e sobretudo uma alma boa, num corpo inteiramente negro".
Em contrapartida, Deus havia posto um açoite na mão do capataz. Os escravos não se distinguiam pela sua vontade de trabalhar. Os negros eram escravos por natureza e vagos também por natureza, e a natureza, cúmplice da ordem social, era obra de Deus: o escravo devia servir o amo e o amo devia castigar o escravo, que não mostrava o menor entusiasmo na hora de cumprir com o desígnio divino. Karl von Linneo, contemporâneo de Montesquieu, havia retratado o negro com precisão científica: "Vagabundo, preguiçoso, negligente, indolente e de costumes dissolutos". Mais generosamente, outro contemporâneo, David Hume, havia comprovado que o negro "pode desenvolver certas habilidades humanas, tal como o papagaio que fala algumas palavras".

A humilhação imperdoável

Em 1803 os negros do Haiti deram uma tremenda sova nas tropas de Napoleão Bonaparte e a Europa jamais perdoou esta humilhação infligida à raça branca. O Haiti foi o primeiro país livre das Américas. Os Estados Unidos tinham conquistado antes a sua independência, mas meio milhão de escravos trabalhavam nas plantações de algodão e de tabaco. Jefferson, que era dono de escravos, dizia que todos os homens são iguais, mas também dizia que os negros foram, são e serão inferiores.
A bandeira dos homens livres levantou-se sobre as ruínas. A terra haitiana fora devastada pela monocultura do açúcar e arrasada pelas calamidades da guerra contra a França, e um terço da população havia caído no combate. Então começou o bloqueio. A nação recém nascida foi condenada à solidão. Ninguém comprava do Haiti, ninguém vendia, ninguém reconhecia a nova nação.

O delito da dignidade

Nem sequer Simón Bolívar, que tão valente soube ser, teve a coragem de firmar o reconhecimento diplomático do país negro. Bolívar conseguiu reiniciar a sua luta pela independência americana, quando a Espanha já o havia derrotado, graças ao apoio do Haiti. O governo haitiano havia-lhe entregue sete naves e muitas armas e soldados, com a única condição de que Bolívar libertasse os escravos, uma idéia que não havia ocorrido ao Libertador. Bolívar cumpriu com este compromisso, mas depois da sua vitória, quando já governava a Grande Colômbia, deu as costas ao país que o havia salvo. E quando convocou as nações americanas à reunião do Panamá, não convidou o Haiti mas convidou a Inglaterra.
Os Estados Unidos reconheceram o Haiti apenas sessenta anos depois do fim da guerra de independência, enquanto Etienne Serres, um gênio francês da anatomia, descobria em Paris que os negros são primitivos porque têm pouca distância entre o umbigo e o pênis. A essa altura, o Haiti já estava em mãos de ditaduras militares carniceiras, que destinavam os famélicos recursos do país ao pagamento da dívida francesa. A Europa havia imposto ao Haiti a obrigação de pagar à França uma indemnização gigantesca, a modo de perda por haver cometido o delito da dignidade.
A história do assédio contra o Haiti, que nos nossos dias tem dimensões de tragédia, é também uma história do racismo na civilização ocidental.

* Eduardo Galeano é escritor uruguaio, autor do livro "As veias abertas da América Latina".

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Jornalistas diplomados X Jornalistas sem diplomas

Qual a essência do jornalismo? Esta pergunta vem inquietando a muitas pessoas, e o evento volta sempre à tona quando alguém comenta a não obrigatoriedade do diploma para ao exercício da função do jornalista.

Mas e então? Como se posicionar? Se for contra o diploma me perguntarão por que cursei e me formei em jornalismo numa universidade, e se disser que sou a favor do diploma vão dizer que estou apenas defendendo a classe jornalística. Pessoalmente considero esse fato uma “questão sensível” pela profundidade que abrange o tema, mas ficar em cima do muro é consolidar a força presente do jogo de interesses.

Quem Eu Sou para poder classificar o jornalismo?!! O jornalismo é matéria abrangente que envolve diferentes fatores e concepções, tão variáveis quanto forem as cabeças pensantes, por isso há tanta diversidade de expressões e olhares no jornalismo mundial e nacional em qualquer um dos meios de comunicação. Então qual é o papel da Universidade? Bem, boa pergunta.

Estudei por longos anos o curso de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo em Multimeios, para descobrir que não sei o porquê se estudar numa universidade para atuar na profissão de jornalista. Isso mesmo, gosto muito do jornalismo, o suficiente para saber que um profissional ético e competente na sua função de informar não necessariamente sai de uma universidade. Pois enquanto a expressão e a comunicação são múltiplas e variáveis, as universidades buscam enquadrar seus estudantes em modelos e padrões, como se fossemos gesso em pó, o aprendizado a água, e a universidade a fôrma, saindo todos meio robotizados, meio autômatos, um pouco iguais.

Não pensem vocês que sou contra os cursos superiores, na verdade para quem gosta e trabalha com jornalismo e pode se dar ao luxo de estudar, ou aos que não trabalham mas estão se preparando para trabalhar, estudar numa universidade é muito satisfatório, abre inúmeras portas, as principais dentro de sua própria alma, pois o conhecimento adquirido é a riqueza que traça não come e o ladrão não rouba. Um estudante do curso superior de jornalismo não se forma jornalista, se forma Comunicólogo, podendo atuar em diferentes setores da comunicação, como assessoria (de políticos, empresas e celebridades), planejamento de comunicação, editoração, educação, entre outras habilidades que uma formação acadêmica possibilita, além é claro, de também poder atuar como repórter de campo. Com tanta maleabilidade na formação de um comunicólogo, é muita arrogância afirmar que um jornalista formado irá atuar eticamente e sempre disposto a revelar a verdade ao público, já que esse mesmo formado é capaz de trabalhar na assessoria de políticos e de empresas nem sempre com as fichas limpas, ou que sejam sinônimos de honestidade.

Trabalhar eticamente com Jornalismo é uma coisa e com Assessoria é outra, enquanto um busca investigar e divulgar os fatos ao mundo, o outro edita tudo que será divulgado, manipulando a informação que será transmitida. Infelizmente o jornalismo atual também é acusado de editar as informações que são divulgadas, geralmente sendo a favor dos empresários e patrocinadores. Mas o triste é saber que é na universidade que eles ensinam que o jornalista na empresa é quem tem a menor voz, e que quem manda na empresa é a linha editorial dela, que por sua vez é dominada pelos empresários. Em suma são teorias e mais teorias para que saiamos da universidade com medo, domados e alienados com a idéia (realista?) de que quem governa o mundo são os grandes empresários e de que sozinhos não podemos fazer nada a não ser obedecer ou ficar desempregado. Então é para isso que as universidades servem? Para preparar pessoas que digam “sim”, “sim” ao primeiro com recursos para pagar por nossos serviços? Isso merece uma reflexão.

Considerando esta triste realidade das universidades de jornalismo do Brasil (apesar de ter estudado em “apenas” uma, conheci e conversei com estudantes de todo o Brasil.) sou a favor da não obrigatoriedade do diploma para o exercício da função de jornalista, afinal qualquer pessoa não diplomada pode atuar eticamente enquanto jornalista desde que conheça seus direitos e deveres constitucionais e não os transgrida.

A sociedade antes estava dividida em contras e a favor do diploma, hoje continua a mesma divisão, mas quem é a favor do diploma esquece do poder das novas mídias, da proliferação dos blogs e das redes sociais, e se esquecem também da sombra da ditadura militar, sombra esta viva ainda hoje nos tabus e dogmas da Constituição Brasileira. Na verdade quem defende a obrigatoriedade do diploma está com medo, não medo de perder o seu emprego, mas sim medo da opinião das pessoas livres, das pessoas que não foram automatizadas pelas universidades, e que não aprenderam a puxar o saco dos “superiores” para conseguir o que queriam.

A universidade pode ensinar a linguagem culta e formal, padrões estéticos do texto, clareza na transmissão das mensagens, o poder da influencia e da persuasão em cada mensagem, entre outras sutilezas e detalhes, mas nem por isso sua mensagem é mais direta, objetiva ou verdadeira que a do comunicador popular e sem diploma, que do seu jeito simples e transgredindo todas as normas “cultas” da língua portuguesa, transmite, conscientiza e educa o povo.

No Brasil temos um Presidente da República que exemplifica bem isso, afinal nenhum comunicólogo formado em qualquer uma das melhores universidades de comunicação do mundo, mesmo com toda a linguagem formal e rebuscada que puder conhecer, foi capaz de conseguir cativar a atenção da população brasileira e mundial da forma que o Presidente Luis Inácio Lula da Silva é capaz de fazer, mesmo este não tendo nenhuma formação acadêmica. Por isso afirmo que a única escola que ensina ética aos corações das pessoas é a Escola da Vida.

Lula não é jornalista, mas sem sombras de dúvidas é um excelente comunicador, e assim como um apresentador de jornal não necessariamente escreve o seu texto, Lula se quiser pode se tornar também um jornalista. De igual forma pode um jornalista se tornar Presidente da República, mas dificilmente terá o mesmo carinho e apoio do povo quanto o Lula, pois pessoas que conseguem dialogar e conciliar com os diferentes segmentos da sociedade são raros de aparecerem, e neste sentido de raridade, Lula é único.

Élder Vieira

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Elza Soares em Camaçari

Elza Soares esteve em Camaçari na última sexta-feira (15/01/2010) se apresentando junto com a banda Sambatronica no espaço Armazém, que além dela e da banda ainda contou com a apresentação de Eric Mazoni.
Elza está numa pequena turnê com o grupo Sambatronica desde que ela fez uma participação numa música do CD do grupo, e segundo a banda já está confirmado a presença de Elza num trio elétrico para o carnaval baiano de 2010, o trio será batizado de “Elza pede passagem”. O público de Camaçari gostou muito da apresentação da cantora, considerada por muitos como a musa ou a “deusa” do samba, e cantou junto com Elza os sucessos do seu repertório.
Elza abriu seu show com a música A Carne, e as pessoas repetindo “a carne mais barata do mercado é a carne negra”. Apesar de estar com o pé machucado, Elza pôde expressar sua força e energia para o público Camaçariense, que respondeu com muito samba no pé e alegria.

Élder Vieira

E Quando Acabar o Maluco Sou Eu

Quando a gente acha que já ouviu de tudo, aparece alguém confirmando nossa pretensão. Li num texto de um tal de Valentim uma frase de grande espanto, e vi que ainda hoje se usa o racismo e o preconceito deliberadamente para pregar idéias e ideais contra nossos irmãos humanos, com um discurso que pouco difere do de homens como Hitler, pois a quem será que o autor se refere quando diz “dificuldades genéticas de aprendizado”?

E o que o Valentim fala a respeito de milhões de brasileiros que vão buscar em Deus sua segurança e refúgio? Chamar essas pessoas de escravas? Pois é aí que tua ignorância é revelada, a comunhão com Deus é plena na vida de quem comunga, e estar louvando a Deus com todas as nossas forças, alegrias, inteligência e espírito é deveras mais interessante do que estar freqüentando as mesas de bares e pensando na próxima conquista a se levar para um motel.

Mais incrível ainda é defenderes a guerra, a prostituição, a violência e outras mazelas da sociedade capitalista industrial, pois na medida em que defende a o raciocínio em que Ford, Rockfeller e cia. são os grandes heróis da humanidade, ele fez da proposição “os fins justificam os meios” verdadeira, e entre os “fins” na lista entra artimanha, coação e chantagem, assassinato, entre outras armas para conseguirem impor suas influências pelo mundo.

Na própria lógica capitalista do autor, a classe trabalhadora é vista como uma ferramenta descartável e socializada, mas quem sai ganhando de forma alguma é quem está no comando da nação, quem sai ganhando são as mesmas empresas que o Valentim tanto defende como as protetoras da liberdade. Não sei quem ele é, mas pelo que diz possivelmente representa algum segmento empresarial “tradicional”, pois além de racista e presunçoso, ainda tens medo da opinião popular.

Lembra-te sempre camarada, que o povo não é besta, até pouco tempo quem dominava o Brasil era um segmento partidário político, e se o povo ainda hora a Deus é porque é um povo de fé, pois se nem todos tem essa riqueza que o autor proclamas ter medo de perder, em nossa socialista pobreza somos irmãos humanos, e somos a maior parte da nação, que só depois de mais de 500 anos da guerra da ocupação passou a ser tratada com mais respeito, dignidade, e compaixão.

O mundo pode ser diverso e ainda assim ser comunista, as sociedades indígenas nos mostram isso a mais de 500 anos, mas é preciso pulso firme para estatizar todas as empresas que extraem minérios do Brasil, assim como todos os meios essenciais para a nação. Com a riqueza brasileira, o povo não precisaria mais pagar taxas de água e de luz, nem de telefone e nem de internet, pois seria tudo gratuito para o povo, a produção seria descentralizada, além de contar com diferentes espécies num mesmo espaço de terra, para permitir a natureza de recuperar e fortalecer o solo e seu povo. Deve-se ampliar o serviço público de medicina, atingido o maior número possível de pessoas, com o máximo de conforto e respeito pela dignidade da vida humana. A educação também deve ser prioridade, mas para educar cidadãos, e não máquinas que decoram fórmulas para o vestibular. O transporte público seria organizado, com muitos trens elétricos rodando o país. Todos os brasileiros seriam trabalhadores natos, pois o governo estará sempre capacitando e investindo na indústria nacional, sempre acompanhada das mais recentes pesquisas sobre a preservação e equilíbrio ambiental.

Enfim, existe a possibilidade sim de fazer um mundo justo e mais igualitário, e ainda assim permitir a diversidade da população humana. Mas o que muita gente não quer é perder o seu status de “eu posso e você não”, um tipo de sentimento infantil que leva a pessoa a querer o brinquedo só para si, sem querer dividir nem quando estiver sem brincar.

Quem dera se o presidente Lula retomar o que é de direito do povo brasileiro, e saiba distribuir para o seu legítimo dono, a Nação Brasileira. Até lá, a gente reza irmãozinhos, pois se o povo brasileiro for guerrear, sai de baixo camarada, pois o brasileiro quando precisa sabe ser barra pesada.

Élder Vieira

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

TERRA A VISTA

TEEERRRAAA A VIIISTA
é o grito que o marinheiro espera
depois de tanto tempo no mar
um grão do infinito
que de tudo se pode esperar...

viver e aceitar o sonhar...
arriscar para poder se entregar...
se perder para poder conquistar...

se o Tudo jamais saberemos
mesmo que o sintamos em todo lugar
então viver com o que nos foi dito
e ponderar onde se quer chegar.

o mar para quem vê pode ser um abrigo
mas também pode ser o encontro final do despertar
e a sua fúria mesmo nas marés de março e abril
tem um limite certo de onde ele pode avançar...

e quanto a Nós seres carnais de consciência e umbigo
aonde é o limite que a gente transcende à bem mais que animais?
para ir muito além de nossa própria mente e sentido
até onde somente o Espírito e a Fé for capaz...

Marcos Élder (06/11/2009)

Dizem que o baiano é preguiçoso

hoje é véspera de Conceição da praia
e muitos trabalhos "enforcam"
para o povo melhor beber
e assim se arrastam as horas
entre redes, bares, praias, até o amanhecer...

o amanhecer não é o de amanhã
amanhã é o feriado oficial
onde o povo da Graça vai ter
por um dia, carnaval

quanto a Nossa Senhora?
virou desculpa para o povo
"enforcar" e ter mais uma folga
se embriagando e mergulhando no lodo...

dizem que o baiano é preguiçoso...

Élder Vieira
07/12/2009

Relatório Conferencial 2

ao chegar na plenária do evento
primeiro pensei que era um teatro
depois que era uma arena
mas ao notar o andamento dos atos
vi que era um circo montado
e nós fazendo o papel de palhaços

as mais de 6.000 proposta foram divididas em 15 grupos
cada grupo com suas 60 ou 70 propostas
a divisão continuava em 40%-40%-20%
entre sociedade civil, empresários e poder público

as propostas já vinham prontas num caderno
se houvesse consenso todas poderiam passar
mas das que tivesse divergências
dez seriam separadas
sendo 4-4-2 a divisão "democrática"
entre os mesmos poderes dito em outras palavras

até aí, tudo foi feito em cima da hora
entre acordos e "acordões" que ao povo só cabia vaiar
a sociedade civil representada em sua maioria por "entidades"
que disse meu cumpadre “tá na hora de os exorcizar”

na plenária final
com tantas questões pendentes a tratar
fez-se por votação quais o povo iria pôr lá.
mas lá também tinha um voto sensível que só fez atrasar
barrando os planos de um povo soberano feliz levantar

Élder Vieira

dezembro de 2009

Um dia antes do Confecom 2009

amanhã é o dia
de ir à casa da covardia
onde a injustiça faz moradia
por trás de leis e fantasias

Brasilia que um dia inspirou esperança
e que hoje se posta na balança
nada de bom vem à lembrança
pois a cidade que deveria ser do futuro
foi o lar das mais perversas rapinanças

Rapinas que tomaram o poder em 1964
e que por 1/4 de século a pisaram com suas botas de aço
fazendo das leis sua cozinha
e do povo seu sapato

amanhã é o dia de encarar o Lula
um sertanejo que para o mundo se tornou um herói
mas que estando no poder o povo grita "ai de nós"
por ver suas riquezas e florestas virarem pós

amanhã é o dia de encarar a democracia
ou seria demagogia?
pois o poder passa longe do povo
trancado em paredes de letras cambiais
deixando a dignidade e o justiça pra trás
satisfazendo apenas seus egoísmos animais

amanhã é o dia
de representar a Bahia
e meus ancestrais que a história quer apagar
pois estamos vivos aqui
no sangue e na raça
desta nação de Tupinambás

Élder Vieira
13/12/2009

O Caminho 2

O embaraço que te falavas
Era sobre a relação mente/coração/estrada
Pois se somos nós que amarramos os cadarços
Também somos nós que andamos nossos passos...

A verdade é o que É
“É” do verbo Ser
A verdade completa só Deus há de saber
Pois a cada um só cabe o prazer de se conhecer...

Querer ser, é diferente de Ser
O desejo não É, quer Ser
O Ser já É, não pode se perder.

Bendito quem vive em pura essência...
Já que nela mora a Verdade
Ninguém engana a própria alma
Mesmo camuflada de amor e vaidade...

Penso, logo existo = conhece-te a ti mesmo...
o que é simples no início
pode o medo viciar no erro
A ponto de o coração fechar os ouvidos...

nem tudo que a gente pensa é o que é
as aparências enganam, do cabelo ao pé
por isso a saudade arde no peito comigo
querendo encontrá-la pra talvez descobrir...
quem tu és...

Élder Vieira

O Caminho

a certeza do caminho
quem faz é o céu ou o passarinho?
e o vento da primavera?
é o inverno quem o traz,
ou é ele dono de sua própria matéria?

o lapso de luz no espaço
pode ser um momento eternizado
pela Mente que Sente a certeza
de uma melodia cósmica ter seu coração escutado...

mas o que é o que é da vida este embaraço?
se a verdade é tão pura
e somos nós que amarramos os cadarços
às vezes dando nós na vida
outras vezes transformando em laços...

a mente MENTE
quando engole o medo
e vive na fantasia

mas a verdade é um espelho
essa se vive
jamais se cria...

Élder Vieira 21/11/09

é dando que se dá... (dedicado à A.K.)

palavras são escritas
lançadas na sorte
tomam sozinhas o seu norte
e fazem da leitura magia

mantras proferidos
de sentimentos vividos
num coração esquecido
de sua condição de amigo

palavras são soltas à revelia...
às vezes trazem alegrias...
outras vezes fantasias...

segue pelas noites e pelos dias
nominando a forma, antes vazia
modelando a matéria, força primitiva...

é dando que se dá
e é lendo que se recebe
a maior gratidão à se esperar
é o sorriso em seu rosto leve...

se soubesse confrontar
a verdade do que parece
saberia contornar
essas palavras que me perseguem
e iria te declamar
"o Eterno jamais padece"...

Marcos Élder (02/11/2009)

Gentileza

O que é a gentileza?
é querer agradar?
pois o que fiz passou longe disso
e serve mais para alertar

que nem sempre há justiça
nesse mundo de intrigas
mas tua força ninguém a tira
pois se a virtude é tua amiga
dentro de ti esta protegida...

notas são apenas notas
são frias, são estéreis
mas o saber é fonte viva
que só engrandece quem o percebe...

se magoaste com a injustiça
no caminho da justiça há de trilhar
para se tornar uma advogada amiga
da verdade, da vida...
e do bom caminhar...

Marcos Élder Vieira de Carvalho
(7/11/2009)

Poesia condensada

perdoamos quando nos colocamos no lugar dos outros
e para isso...
é uma pessoa de cada vez...

você as sente e as entende...
seja perfeição ou não
você vê o quanto é humano um coração
e enquanto humano, passível de erros

se pôr no lugar dos outros é um dom
por isso inventaram a palavra amor

O amor é ligado à compaixão
e esta nos faz irmãos
filhos da mesma matéria
o abstrato da atmosfera
que usamos na respiração

Élder Vieira
10-11/12/2009

Relatório Conferencial

a conferencia no geral foi um tumulto
muitas vozes
poucos púlpitos

da "verdade" teve poucos pupilos
e das grandes empresas e partidos...
... tantos súditos...

desaprendi o conceito de democracia
aprendendo que vivemos numa fantasia
onde poucos mandam...
e o resto dança a dança da covardia...

de 108 vagas "abertas"
foram a maioria doadas
a empresas modernas
raras exceções de pensamentos
sem filiação/ partido/ contento
lutando por um espaço ao diálogo
entre os diferentes segmentos
desta cruel cerebral lavagem
perpetuada pelas mídias tradicionais
e seus chefes de coração de cimento...

mesmo na área da sociedade civil "comum"
o engajamento político/ideológico se fez presente
e para demonstrar a grande "igualdade" de oportunidades
mandaram um índio e um paralítico para defender suas idéias itinerantes...

oh pensamento livre, onde está você
tão acuado nesta cidade
que mesmo se revelando,
brinca de desaparecer
entre tantas paredes sem portas
sendo obrigado a escrever em linhas tortas
para em um diálogo poder aparecer...

pois é Nina Kare-Kare
assim foi a conferencia no picadeiro
escolhendo seus palhaços no roteiro
da violentada democracia
que se tornou uma mãe sem crias
no país do carnaval
da bebida
e da violência do dia-a-dia...

Élder Vieira (16/11/2009)

O presente

presente de tempo:
divisão entre o passado e o futuro
único espaço que podemos trilhar
com os pés da matéria andante
percebendo o mundo
e com ele a compartilhar...

presente de carinho:
oferecimento a quem agradar
dada no agora e perpetuada na lembrança
de um sorriso alegre que ele puder ocasionar...

um presente sem amor é um tormento
a quem se impõe a carregar
melhor é amar em cada presente resplandecente
de quantas formas o coração puder expressar...
assim a vida fica sorridente
apesar dos corpos "lá" e "cá"

que belo presente!
o digo eu pensando na vida
pois neste perto/distantes
alegra-me a alma vê-la se expressar

uma alma viajante
por estes mares
da informação dirigida...

atingindo um porto
no centro das emoções
de um outro mar

tornando o presente “presente” em um transito
cujas idéias ficam a flutuar
atingindo matérias distantes
ou sendo ponte entre duas almas.

que belo presente
o presente vivido
onde o passado é um riso curtido
e o futuro possibilidades
que o tempo no tempo certo
há de sua força revelar...

“como um vulcão de águas salgadas
com pedras jorrando para fora do planeta”.

Élder Vieira 21/11/2009

Verdades sinceras

nenhuma verdade é ignorante
se quem vive assume o seu viver
o risco é a verdade revelada
arriscar é o nosso livre-arbítrio
o nosso querer...

vendo-a tão pouco
ficou a impressão
de uma força capaz
de montanhas mover

mulher direta
do olhar que é uma flecha
que entoa sentidos
em palavras abertas...

poeta completa
pois poetisa o viver
em palavras tão belas e sinceras
as vezes arrodeando...
às vezes deixando transparecer...

tua existência = Verdade
mesmo existindo dentro
de quem está a escrever...

Élder Vieira 22/11/09

Dogmas da Democracia Brasileira

Dogmas da Democracia

O Brasil é um país que se orgulha tanto de sua democracia, no entanto o Estado de Direito implantado depois da ditadura continua cerceando as liberdades individuais, na medida em que as forças militares detêm poder e autoridade para investir contra os cidadãos deste país.

Antes do atual Estado de Direito, na mais recente Ditadura Militar, era comum ver e viver cenas de excesso de autoridade, violência desnecessária, e humilhação pública, o triste é saber que depois de mais de duas décadas a realidade continua quase a mesma, ainda hoje milhões de brasileiros são perseguidos pelas diferentes polícias, cada um em sua selvagem inocência apenas fazendo o que pode e o que deve em sua livre consciência, no entanto são tratados como criminosos vis, sem nenhum remorso, sem nenhuma compaixão.

Para alguns assuntos existe um grande cala-boca, é quase um sacrilégio citar determinados nomes perante pessoas sensíveis. Aparece um tal de: é proibido, psiu, silêncio, fale sobre outro assunto, se lembre que a violência está grande, o trafico continua matando, as águas continuam contaminadas, mas o sol ta quente e a cerveja está gelada. E enquanto isso os grandes ladrões desviam fundos e mundos de nossos cofres públicos, tudo de forma legal e imoral, muitas vezes até ilegal, e o povo achando que é tudo normal, sonhando em um dia estar lá, pois uma vez chegando, porquê não roubar? Aí roubam, vira mensalão, e o barco afunda num buraco. E afinal, a quem a democracia pretende salvar? E em quem devemos acreditar? Só restou Jesus.

Para quem não tem no que acreditar, acredite nos fatos (um amigo sempre repetia essa mesma piada nas feijoadas: contra os “fatos” não há argumento.), eles sempre situarão o individuo no contexto histórico, cabendo a cada um fazer a sua reflexão e juízo de valor. Comece pensando, tudo que a lei fala e cobra é benevolente ao povo? As leis brasileiras são justas e eqüitativas? Depois reflita sobre a afirmação: Se as leis da nação brasileira fossem justas, o Brasil não teria problemas com nada, viveria (ainda mais) alegre e contente, sem mendigos nas ruas, sem violência, com muito respeito, amor e compreensão. Refletiu? Você concorda que é muito peso para alguém carregar? A responsabilidade de todas essas questões colocadas na justiça, dentro de um livro fechado, sem chances de rever, é o grande dogma da sociedade. A Constituição Federativa do Brasil é mais forte que qualquer livro sagrado dentro do Brasil. O Estado é maior que a Igreja, pena que quem manda no Estado é o Mercado, e o Mercado é do Homem. No fim um homem domina a constituição, que domina as empresas, que dominam os partidos, que dominam os meios de comunicação, que dominam a população. De um, para todos, simples assim.

O Estado democrático Brasileiro que tanto se orgulha de sua beleza e sabedoria, ainda hoje, em plena segunda década do século 21 tapa seus ouvidos e os olhos para um triste retrato do Brasil, milhões de brasileiros morando em situações sub-humanas, sujeitos a situações constrangedoras, tendo a vida sob a mira de armas e da fome constantemente. Querendo amenizar o clima de impiedade e intolerância que existe na sociedade, o governo democrático gasta fortunas em propagandas nos grandes meios de comunicação, culpando a própria população brasileira de financiar o tráfico. É, tem coisas que só se vê no Brasil.

É uma contradição o modelo democrático do Brasil, para essas grandes questões polêmicas que influenciam a vida de milhões de brasileiros, falta coragem e dignidade por parte do governo para colocar o poder de escolha e decisão das leis Brasileiras nas mãos de seu legítimo dono, o povo Brasileiro. E o meio é a votação popular por meio de plebiscitos nacionais.

Questões polêmicas do tipo: Aceitação do aborto, legalização da maconha, casamento homossexual, pré-sal, entre outros, todos eles devem ser objeto de um plebiscito nacional. O povo deve participar ativamente do processo democrático. Se o plebiscito é uma ferramenta da democracia, ela deve ser a mais utilizada em todos os anos, pois democracia significa “poder do povo”, e as pessoas que nós elegemos assim o são para nos representar, mas se existe um mecanismo de grande opinião popular geral, é fundamental que ele seja constantemente acionado.

Está mais do que na hora de acabar com as influências maléficas da ditadura no Brasil. Gilmar Mendes defendeu a queda da exigência do diploma acadêmico de jornalismo para o exercício da profissão de jornalista dizendo que eram leis da época da ditadura militar recente, no entanto o Brasil ainda tem leis e proibições da época da ditadura de Getúlio Vargas.

O Povo Brasileiro está liberto a tempo suficiente para escolhermos nossos próprios caminhos. Plebiscito Popular é função da democracia, chega de violência e medo. Só a verdade é capaz de promover a paz.


Élder Vieira

Jornalista

Membro do Povo Brasileiro

A 1ª CONFECOM e o processo DEMOCRÁTICO

Nos últimos dias estando em Brasília, descobri que o processo democrático é algo bastante complicado. Nem sempre o povo vota nas grandes decisões, pois a maioria delas é decidida em salas fechadas, com um número reduzido de participantes cujo poder de representação beira à totalidade.

A existência da 1ª Conferência Nacional de Comunicação foi um grande marco na consolidação da democracia brasileira, juntando os três diferentes segmentos da sociedade, que são a sociedade civil, a sociedade civil empresarial e o poder público. E mesmo com altos e baixos, devemos comemorar o simples fato de ter acontecido a Confecom.

Se Deus quiser, outras edições desta Conferência acontecerão, agora já com a maturidade da experiência desta. O que considero pertinente, já que estamos trabalhando num viés democrático e as medidas a serem tomadas podem vir a serem leis nacionais, é descentralizar o poder de comando que algumas empresas e entidades detiveram neste primeiro momento, poder este manifestado desde as etapas estaduais, e consequentemente a nível nacional.

Para o benefício do processo democrático é preciso diversificar os atores envolvidos, de maneira que a população brasileira não se veja mais entre jogos de chantagem, autoritarismo, medo, conivência e conveniência. Pois foram estes cinco pilares que marcaram boa parte do processo democrático em Brasília. Apesar do plenário estar cheio de pessoas de todo o país, a grande maioria presente estava comprometida a partidos políticos, grupos sindicais e grandes empresas da comunicação.

Quem garante que um sindicalista que trabalha numa grande emissora, apesar de estar como delegado da sociedade civil, não esteja como “espião” da emissora? Pode alguém em sã consciência garantir isso?

Um dos momentos mais tristes da sociedade civil foi quando um produtor independente subiu ao palanque para defender o seu ponto de vista, e um sindicalista da CUT o chamou de pelego por ele não pertencer a nenhum sindicato e ter opinião própria. Quer dizer que trabalhar 42 anos como produtor de conteúdo é ser um pelego para os sindicatos? Ou ser pelego é ter opinião própria? Se a maioria do povo brasileiro são pelegos, as leis devem ser feitas para beneficiar os pelegos.

As etapas estaduais da CONFECOM foram a porta de entrada para a constituição dos delegados da plenária, e a falta de transparência e de justiça foram as responsáveis pelo cenário formado, de maneira que a manipulação e o jogo de interesses tomaram conta dos espaços, sufocando a fala das pessoas livres, e escolhendo somente o que agrada aos dirigentes sindicais e de movimentos organizados.

Não posso falar sobre as etapas estaduais dos outros estados além da Bahia, mas posso sim deduzir o andamento de cada uma delas pela disposição dos participantes no evento nacional. O Estado da Bahia elegeu 108 delegados para a Conferência nacional, sendo 48 da sociedade civil, 48 da sociedade civil empresarial e 12 do poder público. Vendo a questão em números parece que foi tudo bonito e plural, mas olhando de perto os representantes, vemos que a coisa é um pouco diferente. Para começar o maior absurdo, num país de raiz indígena, foi permitido a participação de apenas 1 membro das sociedades tradicionais do Brasil, vaga esta que ficou com a Pataxó Urritué. A sociedade civil dividiu as suas vagas entre vagas para Salvador e vagas para o restante da Bahia, ficando 14 vagas destinadas às cidades do interior baiano, e as demais vagas para as pessoas e organizações da capital baiana, ou ligadas à pessoas de Salvador, tudo sob o manto da chantagem e da pressão por parte dos sindicatos, que ou faziam a vontade deles, ou ia tudo para a votação simples, e como eles eram maioria, acreditavam que ganhariam. O povo até agora só perdendo.

Nem é preciso repetir que as vagas destinadas à sociedade civil foram dadas para poucas entidades sindicais e partidárias. E ainda era possível ouvir o grito de alegria deles, “o movimento negro teve tantos representantes”, “o portal vermelho teve tantos”, “a CUT teve outros tantos”, e a democracia coitada, teve da sua pluralidade poucos representantes.

As 48 vagas da sociedade civil empresarial também foram pouco diversificadas, ficando quase todas nas mãos de 3 grandes empresas, e algumas poucas distribuídas para empresas menores. Para o processo democrático ser verdadeiro, é preciso que no próximo CONFECOM as vagas da sociedade civil empresarial abranjam em sua maioria empresas diferentes, para que as vagas não sejam redistribuídas de acordo com a vontade dos ricos, mas que todos sejam iguais em direitos, deveres e oportunidades.
As vagas do poder público eram 12, e foram distribuídas entre funcionários das repartições públicas administrativas e universitárias.

Ao chegar em Brasília, a julgar pelo perfil dos delegados presentes, é possível crer que o andamento das outras etapas estaduais tenham tido um fim semelhante. Pois a diversidade foi pouco contemplada, o que permitiu que o medo e a chantagem dominassem muitas decisões fundamentais.

Uma destas decisões fundamentais foi a aceitação por parte da CUT e de outras organizações do “voto sensível”, onde era necessário obter os votos de 60% da plenária para aprovar a proposta. Esta medida serviu apenas para garantir o poder de veto por parte dos empresários em medidas que beneficiariam os produtores independentes (que para os sindicatos são pelegos) além dos movimentos populares.

Pois é, houve muitas falhas na execução da 1ª CONFECOM, mas, houve a CONFECOM. Apesar de diversos interesses tentarem boicotar o evento, ele aconteceu. Isso por si é uma grande vitória. Mas que no próximo a sociedade brasileira não seja mais dominada por medos e chantagens, e cada entidade tenha um número reduzido de membros participantes no efetivo nacional, para que a democracia brasileira seja plural, e as medidas a serem encaminhadas contribuam na distribuição dos recursos e oportunidades para o crescimento e progresso do país.

Élder Vieira
Jornalista
Representante do Povo Brasileiro

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Sociedade Século 21 - O Futuro

Chegamos à segunda década do século vinte e um, o esperado anos 10. Já no começo deste ano, vale algumas reflexões sobre a última década que se passou, a década chamada século vinte e um.

O século vinte e um viu o boom da informática, mas o bug do milênio não aconteceu. Para quem também esperava o fim do mundo na virada do milênio veio a decepção, o mundo continua girando e a humanidade continua se multiplicando neste planeta. Para o bom Cristão estamos na era apocalíptica, para o humilde cidadão é uma época de maravilhas, quatro salários e tem aquela TV em casa, o rango tá na mesa, e ainda tem grana para tomar umas duas ou três cervejas por noite.

A história do século 20 pode ser medida de acordo com os estilos musicais. Alguns ritmos atravessam as gerações e os séculos, ora mudando, ora se adaptando, mas sempre preservando a sua essência. O samba é um destes casos que atravessam as eras, e que segundo muitos estudiosos é um ritmo já vivo nas antigas tribos que habitavam o Brasil.

Mas em cada década apareciam novos artistas que encantariam as gerações que os acompanhasse, daí temos muitos exemplos. E em cada período um estilo contagiava os jovens do lugar.

Daí que na década de 40 o forró estava radiante no Rio de Janeiro com Luiz Gonzaga, os anos 50 entrou a Bossa-Nova, depois Novos Baianos e a turma do protesto, nos anos 70 Raulzito entortava as espinhas, e Roberto Carlos era o Rei do Brasil, os anos 80 o Rock gritou alto, influenciando inclusive o estilo do Axé Music, que por sua vez havia inventado a guitarra. Nos anos 90 o Axé virou industria, o pagode se inseriu no Axé e no carnaval agora com força, e o movimento manguebite se tornou a referencia do protesto dos anos 90. Mas e o século 21?

O século 21 foi a década da distância, foi quando as pessoas passaram a estar mais tempo plugada na rede mundial, tendo relacionamentos baseados no contato virtual, deixando de lado prazeres tão simples como ir numa praia e conhecer alguém, conversar tranquilamente, ir numa serra, caminhar ao por do sol, passear de mãos dadas, nadar, namorar, e tantos prazeres singulares que dão à vida prazer e testura e vitalidade.

Para balancear esse distanciamento, o século 21 ofereceu a cultura para aproximar as pessoas, muito arrocha para grudar as pessoas, muito funk e new Axé para sensualizar e promover o sexo como esporte, a bebida alcoólica como desculpa e meio para mais sexo e outras drogas. Drogas como êxtase e estimulantes como o viagra sendo bastante procurados pelos jovens. Resumindo, o século 21 fez do sexo amor, e da quantidade felicidade. A busca pelo prazer momentâneo afastou as pessoas do prazer eterno, da felicidade e humildade. O século 21 se achou muito importante pela liberação sexual consciente, de repente as mulheres já estavam ocupando cargos que anteriormente eram destinado aos homens, quebrando com um golpe a distinção social sobre qual o papel do homem e qual o papel da mulher nos tempos atuais.

Pela primeira vez que se tem notícia, com exceção de sociedades tribais, homem e mulher dividem os mesmos lugares, e tem as mesmas oportunidades que os homens em todos os setores da sociedade.

É claro que as coisas não acontecem assim de repente, mas a democracia chegou num ponto que para tudo é preciso uma seleção, um concurso, as escolas e faculdades são para todos também, e o resultado desta abertura política estamos vivendo no início desta nova década, os anos 10. Se a ditadura durou seus 20 anos, a democracia também está em duas décadas, mais de vinte anos de liberdade intelectual, e para quê? Para ouvir tocando nos rádios somente músicas que abordem o sexo e a deturpação dos valores. Mas se o processo é histórico é difícil ir contra a maré, cabe a cada um que faz as suas músicas buscar entender que a sociedade é reflexo da ação individual. O individuo consciente age coletivamente, e as músicas que estão sendo veiculadas tem um poder muito maior de alcance.

Um amigo me perguntou onde estavam os grandes cantores do Brasil? Porquê os caras da geração anos 60 e 70 não emplacaram mais sucessos? Cadê as músicas inteligentes e críticas? Temos que escutar os antigos sucessos?

Mais um inconformado com a nova década e o novo século. Ninguém pode culpá-lo se ele não entendeu que passou a hora de reclamar, já que estamos livres,
trabalhando e com dinheiro, o suficiente para tomar ao menos duas cervejas, a hora agora é de comemorar. E como o dia a dia não oferece meios de conhecer alguém profundamente, arrochas, funk, pagode e cia. são a saída rápida para quem quer se relacionar. Este é um dos quadros do século 21, uma mulher tendo na mão um cigarro, na barriga veneno, na urina cerveja, no pés duas rodas, e no chão o amor.